domingo, 20 de novembro de 2011

A base como massa de manobra

O Povo Menu Político em 19/11/11


Os professores da rede estadual de ensino voltam a avaliar em assembleia esta semana se retomam a greve suspensa em outubro após 63 dias de paralisação. A julgar pelas manifestações vistas no seio da categoria o resultado é imprevisível. Eu diria até, com mais propensão a retomada da greve.

Com os professores retomando a paralisação estarão sendo encerradas todas as possibilidades de diálogo com o governo do Estado. As consequências, por sua vez, serão drásticas não só para os alunos, já prejudicados pelo calendário, mas principalmente para as lideranças do movimento. Hoje, a divisão da categoria é notória, com dirigentes do sindicato Apeoc vaiados abertamente em assembleias, do que se depreende crise de representatividade.

Os militantes de movimentos sindicais sabem bem das dificuldades de se construir paralisação consistente que possa garantir margem de pressão nas negociações. Mas também esses militantes tem consciência de que, por mais democrática que se possa parecer a vontade da maioria, sem liderança forte qualquer movimento se perde como representação.

É o que parece estar acontecendo com os professores do Estado. Antes até mais dóceis que os professores de Fortaleza, os docentes estaduais sempre tiveram lideranças capazes de mudar o rumo quando as coisas se apresentavam mais complexas. O governo apostou nessa possibilidade e praticamente ignorou a ameaça de greve dos professores, tanto que negociação de fato, só se deu com os docentes já parados.

Esse vácuo permitiu a grupos radicais o ganho de força e que se estruturassem dentro da categoria. Como consequência, quando a direção da Apeoc achou que a abertura do diálogo com o governo seria o passo final para encerrar o movimento, ele tinha adquirido suas próprias pernas. O fato é que chega a ser constrangedor as cenas dos dirigentes reunidos com o governo acenando com avanços, que acabam rejeitados nas assembleias.

É o preço que se paga por lideranças que nem sempre conseguem entender o movimento no seu sentido mais amplo. Mesmo porque, quem acha que a democracia é apenas o exercício do voto, está longe de entender esse processo em sua inteireza.

A política não é isolada das instituições

As grandes cidades brasileiras tem servido de cenário ultimamente para manifestações que se intitulam contra a corrupção. Fortaleza não está fora desse contexto. Apartidários, os manifestantes se dizem oriundos de aglutinação a partir de redes sociais, sem a presença de políticos ou instituições de classe.

É preciso entender esse processo como importante em termos de se despertar a atenção para um fato cada vez mais em moda no Brasil. Mas é necessário que também se tenha a dimensão de que a corrupção não existe apenas na política. Não é bom que se passe a imagem de que a política está isolada das instituições.


Já tivemos exemplos na história de que nem sempre se trocando os políticos conseguimos mudar os vícios. Seria bom começarmos esse exercício em nossas casas, escolas, trabalho, na rua, enfim, por nós mesmos.
Luiz Henrique Campos

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